quinta-feira, 28 de março de 2013

Bolsa de São Paulo sobe por Eletrobras, mas tem pior 1º trimestre em 18 anos

Queda das empresas do Grupo EBX, de Eike Batista, influenciaram resultado negativo
Reuters
A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) avançou nesta quinta-feira (28), apoiada no salto das ações da estatal de energia Eletrobras, mas amargou seu pior desempenho para um primeiro trimestre em 18 anos.

O Ibovespa subiu 0,57% nesta sessão, a 56.352 pontos, no terceiro pregão seguido de alta. Apesar do alívio recente, o índice acumulou queda de 1,87% em março e de 7,55% no trimestre, no pior resultado para os três primeiros meses de um ano desde 1995.

O gestor Marc Sauerman, da JMalucelli Investimentos em Curitiba, comentou sobre o período turbulento que algumas empresas estão enfrentando.

— Foi ruim, mas vale lembrar que não foi um período catastrófico para todo mundo. Quem mais sofreu foram as empresas de Eike Batista e Vale, que têm peso grande no índice.

A desconfiança do mercado com as perspectivas para as companhias do grupo EBX, de Eike, levaram a petrolífera OGX a amargar queda de 47,3% no trimestre e a mineradora MMX a afundar 50,3% no período.

Já a preferencial da Vale acumulou queda de 18,7% no trimestre, em meio à disputa com o governo sobre o pagamento de 4 bilhões de reais em royalties.

Preocupações com a economia brasileira pesaram nos negócios no período, segundo analistas, diante de crescentes pressões inflacionárias e intervenção estatal no setor privado. Declarou o economista Guido Chagas, da Humaitá Investimentos em São Paulo:

— Se tirar o risco de ingerência do governo e a inflação começar a ceder, você tem uma chance grande de reação na Bovespa.

Ele acrescentou ainda:

— Mas ainda não apostaria todas minhas fichas numa recuperação já em abril... A partir de maio, quando você começar a ver uma postura mais amigável do governo, então você deve ter uma perspectiva melhor.

Além das incertezas domésticas, o ambiente externo também deve continuar no radar de investidores, com destaque para a crise da dívida na zona do euro.

Profissionais de mercado também citavam preocupações de que uma eventual realização de lucros em Wall Street --cujos índices seguem próximos das máximas históricas — pressione também o mercado brasileiro. Segundo Pablo Spyer, um diretor na Mirae Asset Securities em São Paulo, o cenário da Bolsa é imprevisível.
— Está difícil prever o comportamento da bolsa porque está difícil fazer previsão de cenários em geral. Este é um ano para apostar em small caps, empresas mais ligadas à demanda interna, que têm caráter mais defensivo. Para fugir da volatilidade, a saída é olhar para setores como consumo, saúde, educação.
Eletrobras dispara
Nesta sessão, as ações da Eletrobras tiveram a maior alta diária em quase 4 meses, após a estatal de energia manter o pagamento de dividendos, apesar de ter amargado prejuízo histórico no quarto trimestre.

A ação preferencial classe B da Eletrobras saltou 16,19%, a R$ 12,70, enquanto a ordinária teve alta de 11,84%, a R$ 6,99. Por outro lado, as blue chips fecharam o dia em queda. A preferencial da Vale caiu 1,16%, a R$ 33,24; a da Petrobras cedeu 0,38%, a R$ 18,35. OGX perdeu 3,35%, a R$ 2,31.
Marfrig liderou as perdas do Ibovespa, caindo 5,17%, a R$ 8,44. O prejuízo da empresa de alimentos se aprofundou no quarto trimestre de 2012, para R$ 284,2 milhões.
O giro finanCeiro da Bovespa nesta véspera de feriado foi de R$ 6,96 bilhões, abaixo da média diária de R$ 7,5 bilhões em 2013.
No exterior, o dia foi positivo para os principais mercados acionários globais, na medida em que os bancos em Chipre reabriam de modo relativamente calmo após o controverso resgate para a ilha.

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